Like a falling rain

The stars above guide me and moonlight is free

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Like a dream

Certa vez, um jovem garoto acordou com um sentimento estranho. Ele estava cansado de ser quem ele era, de sentir as coisas que ele sentia e de sua rotina entediante. Seus sentimentos pareciam não existir. Não tinha sonhos e nem havia nada que o alegrasse o bastante. Pensou em mil coisas. Utilizava o álcool para se divertir e socializar com aquelas pessoas que ele ainda não conhecia muito bem, mas que lhe pareciam boas pessoas. Realmente eram para aquele momento.

Devido ás novas situações, tudo o que ele tinha era a sua determinação, que em nenhum ponto de sua vida havia lhe abandonado. Forte, ele sempre passou pelas barreiras externas que apareciam, exceto pelos problemas do passado que sempre o cercavam, não importando aonde ele fosse e o que ele fizesse. Do alto de seu egocentrismo, nunca admitira pra si mesmo os seus próprios erros e as conseqüências posteriores dos mesmos na sua vida, direta ou indiretamente.

Alguns meses se passaram, ele continuava sua jornada de ceticismo, sem respostas, sem atitudes. Tudo o que fazia era se importar com futilidades, reclamar da vida, tentar justificar seus erros pra si mesmo e se achar o cara mais foda do mundo, veladamente. A situação começou a fugir do seu controle e os probleminhas só aumentavam, de acordo com a sua satisfação dos recentes acontecimentos. Obviamente, sua garra permanecia intacta. Era muito bonito ver alguém com tanta vontade de vencer, com o brilho nos olhos e com a confiança que tinha nas pessoas que o cercavam. Ele sempre foi assim.

Um dos maiores erros desse jovem foi á vida inteira achar que a culpa era de alguém, ou até mesmo que alguém poderia resolver seus problemas, o que nunca aconteceu, causando mais indignação e reclamação. Era alguém ácido, seco, taxado por muitos como rebelde e/ou revoltado, o que aumentava mais ainda sua vontade de mostrar para o mundo o quanto ele estava certo. Mas não estava. Somente o tempo o mostrou o quão errado, egoísta, egocêntrico e chato ele vinha sendo todos esses anos. Houve um choque de realidade.

A nuvem de confusão pairou sobre sua mente incrédula e seu corpo fechado. Como dinamite, todos aqueles conceitos errôneos, que desenvolveu durante os anos de dominação plena do ego, se explodiram num piscar de olhos. Houve influências “externas” para que esse “boom” acontecesse, claro. Porém, nada que ele não tivesse deixado entrar e seu Ser tivesse interpretado como bom ou no mínimo, interessante. Sua mudança de atitude e comportamento foi rápida e nítida. De repente, aquele cético cabisbaixo deu lugar a alguém otimista e ansioso por epifanias. Durante dois meses, fez descobertas que nunca tinha feito. Conheceu pessoas totalmente essenciais na sua vida, realizou coisas que nem sabia que realmente gostava. Abriu o leque, largou o ceticismo e se focou em alguns objetivos que o chamavam a atenção.

Por outro lado, algumas coisas de que ele gostava tanto anteriormente, não eram mais tão atraentes. O novo parecia interessante, mas algo dentro dele o impedia de crescer e buscar essa novidade. Os problemas que a vida toda ele adiou, o travaram numa batalha interna muito difícil.

Estava criado um impasse: As coisas que ele foi se tornando durante todos os anos da sua existência, lutando ferozmente contra todo aquele novo que o fez sentir-se como nunca havia estado antes. A comodidade e a zona de conforto o prenderam de tal forma, que se estendeu um grande mal-estar interior. No fundo, foi uma guerra fria entre ego e Consciência, na qual a dúvida o cercou. E lá estavam os problemas ainda, afetando diariamente suas ações, reflexões e pensamentos. Alguns deles se tornaram insuportáveis. De fato, ele não agüentava mais perder sempre e arrumar uma justificativa para as suas falhas. Sempre era culpa dele. Cada erro, cada falha, cada probleminha. A existência do Karma era inegável. Após ter visualizado muitas coisas, não tinha como não aceitar as verdades. Não havia mais lugar pra ceticismo ou desculpinhas, tudo o que ele precisava fazer estava em suas mãos.

No dia em que ele abriu os olhos, decidiu enfrentar de peito aberto, mesmo sabendo que não seria simples. Primeiro, ele meditou. Descobriu que nada seria possível enquanto não conseguisse as rédeas de si mesmo. Pensou, lutou, sentiu, intuiu. Aquela era a coisa certa a se fazer. Juntou todas as dúvidas e as guardou em uma caixa. Estava em paz e com a mente tranqüila, como não ficava há certos meses. Arregaçou as mangas, se preparou físico e psicologicamente para a missão e rumo a ela partiu. Os detalhes da missão foram confidenciais.

Chegou em casa contido. Sentou-se na cama e sentiu uma felicidade imensa tomando conta. Ele cumprira a missão que havia sigo designada por ele mesmo. Enfrentou os medos e as dúvidas, que apesar de guardadas na caixa, ainda o afetavam. Foi soberano, como nunca havia sido em sua vida. Abriu o compartimento e soltou-as. Ficou frente a frente com quem tanto o prejudicou, toda a sua vida. Olhou-as nos olhos, como o caçador que está próximo a sua caça. Elas tentaram entrar e ele não se moveu. Seus olhos brilhavam de maneira diferente agora. Havia fogo dentro deles, junto de uma luz descomunal. Com sabedoria, ele apenas assoprou-as, fazendo com que se dissipassem. Não havia mais dúvidas. Vendo aquela cena, o medo tratou de não se mover. Ele não tinha mais controle sobre aquele garoto, ele não o afetava mais. Saiu de cena antes que tivesse o mesmo fim. Não havia mais medo.

Os dias se passaram e tudo o que tomava conta dele era a felicidade. Uma onda imensurável de alegria, força e determinação entraram em cena. Nesse momento, ele encontrou seu caminho, como nunca havia achado antes. Tinha a convicção de que poderia ser e fazer tudo o que quisesse. Continuava sem sonhos, mas isso não era mais necessário. Resolveu que deveria viver a sua vida sem previsões e imaginações, sempre focado no presente e nas palavras que estava escrevendo nas páginas em branco. Páginas essas, que pertenciam ao livro de sua vida, escrito dia após dia, semana após semana. Ele não fez planos. Guardou toda a felicidade no seu peito, para que tomasse conta por completo, expelindo todo o tipo de energias ruins e anti-matéria.

Nas páginas de seu livro, ele escreveu o quão era grato a vida e como as regras que regem o universo são fantásticas. Sabia que venceu apenas uma batalha, dentre tantas outras que ainda precisaria enfrentar. Nada disso importava nesse momento. Ele só queria aproveitar cada segundo de sua felicidade.

Hoje, o dia foi do caçador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário